top of page

A Alegria Que Você Procura Está Na Única Pessoa Que Você Nunca Escuta

  • Foto do escritor: André Cally
    André Cally
  • há 4 dias
  • 3 min de leitura
ree

Quando eu era criança, havia um cantinho no quintal da minha avó que parecia ter um tempo próprio. Um banco de madeira gasto, o cheiro doce da terra molhada, e a sombra silenciosa de uma jabuticabeira que parecia entender tudo o que eu ainda não conseguia explicar. Em um desses dias, sentei ali sem motivo nenhum… e senti algo que me marcou sem que eu percebesse: dentro de mim existia uma voz — pequena, tímida, insistente — que eu ainda não sabia ouvir.


A vida passa. A gente cresce. E, no caminho, aprende a ignorar aquilo que sente.

Fui descobrindo, como muitos de nós, que crescemos achando que a alegria é uma recompensa: algo que chega quando tudo finalmente se ajeita lá fora. Quando dá certo. Quando somos reconhecidos. Quando não falta mais nada.


Então tentamos preencher o silêncio interno com movimento, conquistas, trabalho, pessoas, urgências. Criamos rotinas para não sentir, compromissos para não olhar para dentro, e justificativas para manter o coração em segundo plano.

Mas existe um detalhe que ninguém nos conta: a alegria que você procura não nasce do mundo — ela nasce do encontro consigo.


E a maioria das pessoas passa a vida inteira sem fazer esse encontro.

Guardamos emoções em pequenas gavetas internas que evitamos abrir. Guardamos dores porque não tivemos tempo de entender. Guardamos sonhos porque, na época, parecia arriscado demais. Guardamos verdades porque aprenderam para nós que “não era a hora”.

E essas gavetas… pesam.


Pesam no corpo que tensiona. Pesam na mente que não desliga. Pesam na alma que perde brilho. Pesam na vida que parece ficar apertada demais.

Até que, um dia, você percebe: não é o mundo que está pesado — é você que se perdeu de si.

Foi assim comigo também. E talvez seja assim com você agora.

A parte de você que mais precisa ser escutada é justamente a que você aprendeu a ignorar para sobreviver. A que foi calada na infância. A que foi desacreditada em algum momento. A que se acostumou a ser forte por fora e silenciosa por dentro.


Mas essa parte… continua aí. Esperando. Insistindo. Chamando. Pedindo espaço, gentileza e verdade.

Quando você finalmente se permite escutar essa voz — não a voz do medo, não a voz das expectativas dos outros, mas a sua — algo profundo acontece. É como abrir uma janela antiga e perceber que, mesmo depois de anos fechada, a luz ainda está ali, pronta para entrar.


A alegria volta quando você acolhe o que sente, em vez de se culpar por sentir. Quando você respeita seus limites, em vez de tentar provar que não tem nenhum. Quando você honra sua história, em vez de se punir por ela.


A alegria nasce quando você se trata com a mesma delicadeza que oferece aos outros.

Ela aparece quando você para de negociar com a própria alma. Quando você respira fundo e diz, mesmo sem palavras: “eu estou aqui, eu estou comigo.”


E, nesse instante, tudo começa a se reorganizar. O coração desacelera. A mente entende. O corpo se alivia. A alma floresce.


A alegria que você procura nunca foi um destino. É um retorno.


Um reencontro com a única pessoa capaz de te oferecer aquilo que o mundo não sabe entregar: você mesmo.


E quando você finalmente se escuta…a vida inteira começa a falar com você de um jeito novo. Mais claro. Mais leve. Mais verdadeiro.

 
 
 

Comentários


bottom of page