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Abraço Invisível da Autossabotagem

  • Foto do escritor: André Cally
    André Cally
  • 22 de mai.
  • 2 min de leitura



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Sabe, por muito tempo eu caminhei com um amigo invisível ao meu lado. Ele não tinha rosto, não tinha nome, mas me acompanhava em silêncio. Toda vez que eu estava prestes a conquistar algo, ele sussurrava no meu ouvido: "Será mesmo que você merece?"

Eu não percebia, mas era a autossabotagem me abraçando. Um abraço estranho, daqueles que parecem confortar, mas na verdade te prendem.

É como carregar uma mala cheia de pedras, acreditando que um dia elas vão ser úteis. E a gente vai guardando mágoas antigas, crenças que outros colocaram na nossa cabeça, medo de errar, medo de ser feliz demais. E toda vez que a vida chamava pra dançar, eu dizia: "Calma, deixa eu guardar essa pedra aqui primeiro."

Lembro de uma época em que eu estava prestes a realizar um sonho antigo: fazer minha primeira palestra pra uma grande plateia. Me preparei, estudei, ensaiei… mas na noite anterior, aquela voz voltou. "Você vai travar. Vão rir de você. Melhor inventar uma desculpa."

E quase inventei.

Mas ali, olhando pro espelho, enxerguei o menino que eu fui — aquele que cantava no coral da escola, cheio de coragem e brilho nos olhos. Ele me perguntou: "Por que você deixou as vozes mais altas que a sua própria?"

Naquele dia, escolhi ir. Com medo, com frio na barriga, mas fui. E foi uma das melhores experiências da minha vida.

A autossabotagem é assim… uma criança assustada dentro de nós, tentando nos proteger de algo que já passou. Ela não entende que crescemos, que podemos cair e levantar, que merecemos sorrir, amar, conquistar.

Hoje, quando ela aparece, eu abraço. Digo: "Obrigado por tentar me proteger, mas agora eu cuido de mim." E sigo.

Se você sente que tem algo te prendendo, talvez seja hora de esvaziar essa mala. Jogar fora as pedras que já não te servem. Porque, no fundo, a vida tá só esperando você dizer sim pra ela.


Com carinho,

André Cally

 
 
 

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