COMO MAQUIAVEL E AS 48 LEIS DO PODER MOLDAM OS BASTIDORES DO MERCADO CORPORATIVO
- André Cally
- 28 de set.
- 2 min de leitura

Certa vez, em uma negociação importante, percebi que do outro lado da mesa não havia apenas um comprador interessado em avaliar preços e condições. Havia alguém aplicando, quase de forma literal, estratégias de poder que lembravam Maquiavel ou as famosas 48 Leis. Cada silêncio, cada frase, cada “armadilha” sutil tinha um objetivo: me desestabilizar e assumir o controle da situação.
Naquele momento, lembrei de algo fundamental: o jogo do poder pode ser fascinante, mas se eu entrasse nele apenas pela lógica da manipulação, eu estaria traindo a mim mesmo, aos meus valores e à forma como acredito que relações comerciais devem ser construídas. Escolhi, então, manter meus princípios. Respirei, ouvi com atenção, reposicionei meu discurso com clareza e conduzi a negociação não pelo medo ou pelo jogo sujo, mas pela confiança e pela entrega real de valor.
E deu certo. Porque quando a ética se mantém firme, o poder muda de lugar: deixa de ser uma arma contra o outro e se torna um recurso a favor da relação.
No mercado corporativo, muitos recorrem a Maquiavel e às 48 Leis do Poder como manuais definitivos de sobrevivência. E, de fato, não há como negar: essas obras escancaram estratégias reais de influência e controle que fazem parte das empresas. Mas quando internalizamos essas regras como verdades absolutas, corremos o risco de transformar o ambiente de trabalho em um campo de batalha permanente.
O resultado? Ansiedade, desgaste psíquico e um vazio silencioso — porque o sujeito deixa de ser ele mesmo e passa a vestir apenas a máscara da conveniência.
Como executivo de vendas e psicanalista, percebo que a grande questão não é ignorar o poder, mas como escolher usá-lo. Ele pode abrir portas no curto prazo, mas só a confiança e a integridade sustentam relacionamentos no longo prazo.
O verdadeiro poder não está em manipular o outro, mas em dominar a si mesmo: suas emoções, impulsos e ambições. É dessa consciência que nasce um poder legítimo, capaz de inspirar, unir e gerar confiança em vez de medo.
O poder pode ser ferramenta ou prisão. A escolha sempre será nossa.
—André Cally







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